Novo CNPJ Alfanumérico exige mudanças nos Documentos Fiscais Eletrônicos

Ana Carolina Bastos
Novo CNPJ Alfanumérico exige mudanças nos Documentos Fiscais Eletrônicos

A Receita Federal do Brasil (RFB) anunciou uma mudança histórica na estrutura do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).


A partir de julho de 2026, o país adotará o CNPJ alfanumérico, um novo modelo que promete ampliar significativamente a capacidade de registro de empresas e exigirá adaptações técnicas em todos os sistemas que lidam com Documentos Fiscais Eletrônicos (DF-e).


A alteração está formalizada na Instrução Normativa RFB nº 2.229/2024 e será acompanhada pelas diretrizes técnicas da Nota Técnica Conjunta 2025.001, publicada em maio de 2025.



Por que o CNPJ vai mudar?


O atual formato do CNPJ — composto apenas por números — está se aproximando do esgotamento de combinações possíveis.


Para garantir a escalabilidade do sistema e possibilitar a abertura de novos registros, a Receita Federal optou por modernizar a estrutura, mantendo os 14 caracteres, mas permitindo o uso de letras maiúsculas nas 12 primeiras posições.


As duas últimas posições seguem sendo reservadas ao Dígito Verificador (DV), cujo cálculo continuará utilizando o módulo 11, agora adaptado para interpretar letras com base na tabela ASCII (subtraindo-se 48 dos códigos das letras).


➡️ Exemplo de formato do novo CNPJ alfanumérico:


  • A1B2C3D4E5F6-XX



Impactos do CNPJ alfanumérico nos Documentos Fiscais Eletrônicos


A introdução do CNPJ alfanumérico afeta diretamente diversos tipos de DF-e, entre eles:


  • NF-e (Nota Fiscal Eletrônica)
  • NFC-e (Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica)
  • CT-e e CT-e OS (Conhecimento de Transporte Eletrônico)
  • MDF-e (Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais)
  • BP-e (Bilhete de Passagem Eletrônico)
  • NF3e, NFCom, GTVe e BP-e TM


Esses documentos utilizam o CNPJ em múltiplos campos — emitente, destinatário, tomador, recebedor — além de fazerem uso do número na composição da chave de acesso, que possui 44 dígitos.


➡️ A nova estrutura exigirá:


  • Atualização dos schemas XML com expressões regulares que aceitem letras maiúsculas:


[A-Z0-9]{12}[0-9]{2}


  • Adaptação da chave de acesso para incluir letras:


[0-9]{6}[A-Z0-9]{12}[0-9]{26}


  • Ajuste na validação do DV com base nos novos valores alfanuméricos


Segundo o ENAT, algumas letras (como I, O, U, Q e F) poderão ser excluídas para evitar confusões visuais e erros de leitura.



Códigos de barras também serão modificados


Os documentos auxiliares, como DANFE, DACTE e DABPE, utilizam hoje o padrão de código de barras CODE-128C, que aceita apenas números. Com a introdução de letras, será necessário adotar um modelo híbrido:


  • CODE-128C: para trechos exclusivamente numéricos
  • CODE-128A: para trechos com letras


As impressoras precisarão ser adaptadas para garantir legibilidade, com dimensões mínimas exigidas (11,5 cm de largura e 0,8 cm de altura), além de ajustes nos layouts dos documentos.



Cronograma oficial


A implementação será realizada em duas etapas:


Ambiente de homologação Ambiente de produção
6 de abril de 2026 6 de julho de 2026


Até essas datas, os sistemas de autorização continuarão rejeitando CNPJs com letras, mesmo que os schemas já tenham sido adaptados.

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