Compreensão dos ciclos dos empreendedores facilita acesso ao crédito para os pequenos negócios

Compreensão dos ciclos dos empreendedores facilita acesso ao crédito para os pequenos negócios

Passados dois anos do início da pandemia é possível afirmar que o abalo sofrido pelas empresas brasileiras foi heterogêneo, atingindo de forma mais significativa os micro e pequenos negócios, em sua maioria desprovidos de processos de gestão e estrutura de caixa capazes de suportar um longo período sem faturamento.


Mesmo entre eles, a crise se apresentou de maneira distinta. Com o passar do tempo, observou-se que a situação foi mais grave para o setor de serviços e vestuário, e menos crítica para supermercados e lojas de materiais de construção, por exemplo. Na outra ponta, os resultados foram positivos nos segmentos de móveis e eletrodomésticos.


Mas, de maneira geral, as empresas de menor porte atravessaram a fase mais aguda do período de forma parecida e chegam ao que parece ser a reta final da pandemia com um volume de recursos insuficiente para atender as necessidades e a velocidade da retomada. 


O momento da retomada é crítico devido à exigência de investimentos e capital de giro. De um lado, na formação de estoques, inclusive para garantir insumos e neutralizar os efeitos da quebra das cadeias globais de suprimentos. De outro, devido à premência de maior financiamento dos clientes.


Com a consequente elevação do apetite por capital, os micro e pequenos empresários encontram um cenário de “tempestade perfeita” na busca pelo crédito, graças à pressão imposta pelos altos índices de inflação e de juros.


Acostumados, em sua maioria, a negligenciar o planejamento do fluxo de caixa e a tomar recursos em caráter emergencial, normalmente por meio de linhas de crédito de curto prazo, os empreendedores se deparam com opções caras, de taxas altas e com um agravante: voltadas para uma finalidade imediata, da qual se excluem consumo e investimento, essas linhas de crédito são incapazes de gerar qualquer tipo de riqueza, resultando em problemas futuros tanto para o credor quanto para o tomador.


A dificuldade de acesso ao crédito é também potencializada pela falta de garantias que os micro e pequenos negócios podem oferecer. Esse entrave começou recentemente a ser corrigido pelo Cadastro Positivo. Mas ainda leva tempo até que o Cadastro Positivo seja entendido como uma verdadeira ferramenta de crédito pelas pessoas físicas e jurídicas, que ainda estão se habituando a construir seus históricos e compreendendo a importância de se tomar e honrar o crédito.


Os altos níveis de informalidade, que dificultam a comprovação do faturamento e resultam em balanços incapazes de espelhar a realidade, somam-se aos desafios das empresas de pequeno porte na busca por crédito e dificultam ou encarecem o acesso a ele.


Uma solução efetiva para que os empreendedores tenham acesso a melhores condições de tomada de recursos é criar opções de linhas de crédito que compreendam os ciclos dos pequenos negócios. Aplicar a média para todo e qualquer tomador cria uma assimetria de condições. Por exemplo, de que adianta viabilizar capital com carência de 90 dias para uma empresa que só vai começar a receber por seus serviços e ter recursos daqui a um ano? Esse modelo só leva à inadimplência.


Além disso, é imprescindível segmentar as necessidades de acordo com os setores dos negócios, uma vez que indústria, comércio e serviços têm exigências diferentes.


Ainda vistas pelos bancos privados pela ótica do alto risco que oferecem, as micro e pequenas empresas demandam novas opções de financiamento público similares ao oportuno Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (PRONAMPE), do governo federal. Essas opções devem ser capazes de aportar recursos e criar as ferramentas necessárias para que as linhas de crédito para os pequenos negócios cheguem até a ponta, gerem resultados e se tornem atrativas também para as instituições financeiras privadas.


As micro e pequenas empresas merecem deixar de ser vistas como risco, até porque historicamente elas são as maiores responsáveis pela criação de empregos no país nos últimos anos. E os salários pagos por essas empresas ajudam a desenvolver o mercado de consumo, estimulam o crédito e ajudam a mover a engrenagem da economia.


Fonte: Diário do Comércio

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